AINDA O XVII

ABRIL/2015 – Joel Fernandes é Médium e Filósofo

     Sobrepairavam as dúvidas seguintes dentre os nossos opositores: a obra é de Allan Kardec ou dos Espíritos? Dos Espíritos, que a ditaram. Então, se é dos Espíritos, qual é o seu papel? Ora, tal como Jesus escolhera Paulo de Tarso a fim de levar a mensagem do amor ao mundo pagão, os Espíritos escolheram Kardec para classificar seus novos ensinos, tendo em vista dos homens precisarem, evidentemente, de esclarecimentos sobre seus pós-mortes, daí o Espiritismo! Eis sua finalidade grande e sublime: os progressos individual e social, como também o respectivo caminho para atingi-lo. 
     Trata-se da única religião 100% otimista por exercitar dois paradigmas lógicos: nossas capacidades de aprendizado e de modificação, redirecionando nossas vontades à Lei do Progresso em vez dos interesses egoístico-imediatos. Mas, ressaltou o opositor exigente duma prova: como esses princípios – existência de DEUS, preexistência e sobrevivência da alma, reencarnação, penas e recompensas futuras, etc. – alterarão nossos modos de pensar, repercutindo nas maneiras duns e doutros agirem, bem como nas leis instituídas? Exatamente pelas crenças racionais das existências da alma e de DEUS, porquanto, se não existe moral sem imortalidade, então eis o nosso horizonte social. 
     Todavia, Kardec exibirá ao cético nosso derradeiro argumento convencedor, ou seja, a analogia dúplice da ciência espírita com a Astronomia: 


1ª) Os astrônomos, sondando o espaço interplanetário, constataram existir lacunas no Sistema Solar; e 
2ª) Tais vazios-escuros deveriam estar preenchidos por outros corpos celestes desconhecidos devido os efeitos gravitacionais observados nos planetas vizinhos, pois, se aqueles fossem desprovidos de massas causais, então tais transtornos jamais existiriam. 


     E segundo o princípio universal de “todo efeito ter uma causa que lhe precede e origina-o”, concluíram suas hipóteses e fecharam seus cálculos para mais tarde confirmarem as previsões de Urano e Netuno.
     Quando, em 1.778, TIERZ “TITIUS” e BODE enunciaram a “lei Titius-Bode” – medidora das distâncias dos planetas ao Sol –, ambos previram a existência doutro corpo entre Marte e Júpiter, porém tratava-se, na verdade, dum cinturão de asteroides. Três anos mais tarde, em 31 de março de 1.781, HERSCHEL, perscrutando a “Via Láctea”, observou uma estrela, mas, seu deslocamento em relação às outras, conduziu-o à hipótese dum novo cometa. Cinco meses depois, LAPLACE calculou-lhe a órbita e demonstrou-nos o sétimo planeta: Urano. Em 1.820, BOUVARD recalculou aquela mesma órbita e levantou o problema dum ligeiro deslocamento de 100” da posição esperada, causados, certamente, pela atração doutro astro desconhecido, segundo as presunções de WILHELM, de ARAGO, e do filósofo Von HUMBOLDT. Finalmente, em 31 de agosto de 1.846, Le VERRIER anunciaria à “Académie des Sciences” o ponto predeterminado desse planeta em 1º de agosto de 1.847: Netuno surgiria.
     Então Kardec, partindo dessas conquistas científicas, fez uma analogia astronômica em defesa dos fenômenos espirituais: “observando a ordem dos seres, descobrimos uma cadeia, sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente. Porém, entre o homem e DEUS, que imensa lacuna!”; “será razoável pensar que os anéis daquele encadeamento terminam no homem e que este possa transpor, sem transição, a distância que o separa do infinito?”. Por certo, não, pois haverá entre o homem e DEUS, outros anéis intermediários e, consequentemente, “qual filosofia já preencheu com demonstrações, como na Astronomia, tal lacuna?”, apenas a Ciência Espírita – façanha dos Espíritos –, desde o mais atrasado ao mais aperfeiçoado, posto tudo se ligar, da pedra a DEUS; e quanto a vós, negadores, preenchei o vácuo por eles ocupados! 
    As “religiões da Tradição” se incapacitaram ao afirmar o espírito como um ser passivo, dormindo após a morte e aguardando o “dia do Senhor”; suspenderam assim as inteligências espirituais que, sem corpo, perderam ainda seus sentidos, aumentando ainda mais a distância daquele dia indefinido do Criador. Mas a Teologia Espírita o preencheria de modo fático, por ser experimental, considerando o espírito permanecer acordado e possuidor de todos seus implementos físicos-sensíveis e intelectuais, em permanente união consciencial com DEUS. As categorias espirituais eliminaram aquele “vazio” e, assim, “tudo então se liga e se encadeia, do alfa ao ômega”. “E vós, que ristes deles, ousai agora rir das obras de DEUS e da Sua onipotência!”! 
     O capítulo XVII, da IEDE, carrega este desafio.

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