REENCARNAÇÃO

JULHO/2.014 – Joel Fernandes é médium e filósofo

   Ah, o livro “A GÊNESE”, escrito por Allan Kardec e os Espíritos superiores, que magnífico! Pois sempre belo e para sempre clássico por continuar a ser, ainda uma vez mais, atualíssimo em seus temas.  Reconforta o sentimento do amor e a racionalidade intelectual quando o compulsamos, principalmente quando trata do assunto sobrescritado.

     Creio progredir em meu pensamento se afirmar que o leitor ainda não interrogou seu entendimento sobre como se dá a reencarnação bem como sobre por que motivo Deus nos reencarna na Terra como almas, porquanto é esta quem reencarna e não o corpo. Surpreso? Sim, na medida em que o título nos mostra dois movimentos ocorrentes em duas substâncias diferentes e contrárias, mas não contraditórias: matéria e espírito, onde a primeira trata da substância carne-corpo e a segunda trata do reencarne da substância alma-intelecto naquela. Entretanto, analisando a história religiosa ocidental iremos nos surpreender negativamente pelo fato desse magno assunto jamais ter sido bem explicado, senão vejamos: em Gn 2:7 encontramos Deus formando o homem com o pó da terra e, após soprar-lhe nas narinas o fôlego de vida, o boneco de barro passou a ser alma vivente, ou homem. Pronto! A primeira alma estava encarnada, pois, com “aquele sopro”, o barro passou a ser carne, numa transformação lamentavelmente jamais explicada, e a carne passou a respirar-viver com “aquela respiração divina” numa outra transformação inexplicável: a passagem do hálito criador para o hálito humano criado!

     O que faltou e ainda faz muita falta no Antigo Testamento? A inteligência! Como Deus pôde esquecer exatamente dela, a única propriedade capaz de nos classificar como “humanos”? Hoje não caberia melhor expressão exclamativa senão esta: “dentre todos os furos aquele foi o máximo por provir de Deus!”.

     Eva, evidentemente e coitada, jamais poderia ser dotada duma alma por ter sido proveniente duma das costelas de Adão – mas qual delas e de qual lado? –, logo, proveio duma “carne de segunda” e, então, só poderia mesmo ser-lhe inferior por depender dele para existir e também por vir depois, não merecendo aquele régio presente que lhe fora concedido. Preferência ou esquecimento divino? Nunca saberemos.

     A seguir veio a prole do casal, mas, infelizmente como a sua genitora, também sem alma! Tragédia no “Paraíso”! E como se isso ainda não bastasse, seu primeiro filho, Caim (Gn 4:16), retirou-se da presença do Senhor e foi habitar na terra de Node, ao oriente do Éden, coabitando lá com sua mulher (!) e fazendo nascer Enoque. Mas de onde teria surgido essa segunda mulher? Filha de quem?

     Logo, reconhecendo a Bíblia em falta, como aceitarmos o Antigo e Primeiríssimo Testamento? Aliás, há cerca de 300 anos, por muito menos que meia linha deste escrito já estaria fritado na fogueira da Santa Inquisição nefanda, junto aos mais de 35.000 assados, apenas porque duvidei da “Tradição”! Que horror! Mas, dela, não sai reencarnação!

     Tentemos então o Novo Testamento, seu herdeiro, no qual encontramos o diálogo de Jesus com o sacerdote Nicodemos (Jo 3:5) e a sua informação aos apóstolos de que João Batista era o Elias reencarnado (Mt 17:12), logo, anteriormente, havia uma alma nele, por certo. Mas o de que necessito ainda é duma prova, duma evidência técnica-histórica de como Deus reencarna um espírito, pois parto do princípio de que homem algum daquelas religiões estaria em condições de me explicar.

     Entretanto tal não ocorre no Espiritismo onde o espírito reencarna desde suas existências mais remotas, no infindável roteiro das espécies animais, como “princípio inteligente”, pois homem algum será capaz de negar memória, inteligência, vontade, e emoção, nos seres inferiores.

     Apenas no estágio superior de alma ocorrer-lhe-ão o pensamento contínuo, a linguagem, a consciência racional, a responsabilidade pelos seus atos e, enfim, todas as suas capacidades psíquicas-cognitivas.

     Reencarnamos para aprender evoluindo nas ciências naturais e morais. E sobre aquela evidência técnica-histórica sugiro-lhes ler o capítulo três, “A Reencarnação de Segismundo”, no livro “Missionários da Luz”, cuja história veio, finalmente, suprir racionalmente aquela lacuna milenar do conhecimento humano. 

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