GUERRAS, CIVILIZAÇÕES, DEUS

JUNHO/2.014 – Joel Fernandes é médium e filósofo

       Fenômeno assustador e, caso se tratasse apenas deste adjetivo, ainda indigno da raça humana, porquanto nem os animais nos apresentam tal comportamento destruidor, as guerras são atos assassinos-criminosos sempre partidas dos mais fortes – nas logísticas de pessoal e material – contra os mais fracos com a intenção de dizimá-los ou, na melhor das hipóteses, subjugá-los pela tirania da brutalidade.

       Seu móvel, geneticamente falando, jamais deixou de ser a ambição-ganância pelas matérias-primas naturais do outro: ouro, prata, metais nobres, terras férteis, água, rebanhos, petróleo, escravização, e até mesmo mulheres, como ocorreu no famoso “Rapto das Sabinas”, em 752 a.C.

       Em seus combates tudo termina nos destroços das nações e civilizações arduamente construídas bem como seus sonhos de felicidades! E, pasme, os vencedores comemoram! Até mesmo a igreja católica participou ativamente n’alguns conflitos benzendo fábricas, belonaves, destróieres, submarinos, aeronaves, …, e tudo em nome da satisfação do mais baixo de todos os instintos, o de destruição, fazendo com que a vida, nosso máximo bem dentre tudo, nessa infernal espiral crescente de violência, valesse menos que um jornal velho jogado há dias no meio-fio.

       Por causa da extinção da vida os teólogos ecléticos preocuparam-se em resolver dois problemas englobando a guerra, sua maior ceifadora:

1º) Saber como o homem pôde e ainda pode coexistir com as guerras e continuar provocando-as; e

2º) Saber como Deus as permite.

       As questões, complexíssimas, exigem muita reflexão de nós espíritos, únicos seres pensantes do universo, descendentes da fieira animal e que intimamente portamos os gérmens dos orgulho, egoísmo, e vaidade. Duvida? Então mire em nossos irmãos irracionais para imediatamente se convencer. E a Etologia, ciência criada e desenvolvida por Lorenz e Tinbergen sob a influência da científica Teoria Evolucionista, e incumbida de fazer a ponte entre as Psicologia, Biologia, e Ecologia, nisso se esforça com afã.

       Brigamos mortalmente desde a Idade da Pedra há dois milhões de anos, mas foi com a melhoria tecnológica das “máquinas de matar”, no segundo milênio, que mais provocamos vítimas, inclusive de civis. Fizemos mais de 14.000 guerras com um total de 14 bilhões de óbitos, pois somos a única espécie capaz de assassinar massiva e constantemente. Na Primeira Grande Guerra Mundial (1ª GGM) matamos 9 milhões e na 2ª GGM os números dos óbitos variam de 23 a 75 milhões, sendo 65% de civis!

       Sim, houve também inumeráveis guerras religiosas, como a dos Trinta Anos (1.618-1.648), exatamente como ainda as há, visto havermos, moralmente falando, mudado muito pouco, ou seja, continuamos cobiçosos do que não nos pertence! E qualquer pensador afirmará, sem piscar, que as carnificinas guerreiras começaram em Deus e por Deus, conforme “a melhor tradução catolicizada da Bíblia de Jerusalém”. Citamos Lv 26:14-46 e o que lemos é estarrecedor; e citamos ainda Nm 31:1-:24, e constatamos a inexistência dum pior possível!

       Tudo, mas absolutamente tudo no Antigo Testamento, ou “Santa Escritura”, trafega desde as maldições divinas ao barbarismo sangrento para satisfazer àquele Deus sanguíneo! Daí: quanto horror e tristeza de se crer, ainda, na existência dum Deus que se compraz em eliminar os Seus! E sobre tal livro e tal ente a razão assinalaria: se tal Deus é possível, então como não temê-lo em vez de amá-lo? Não nos é difícil concluir que foi por causa deste Deus guerreiro as guerras religiosas foram tornadas “sagradas”! Uma lástima.

        Precisamos urgentemente duma fé suficientemente inteligente para sanar tais imprecisões relativas a Deus, “O Grande Incitador das Guerras” que, em vez do Grande Bem, acabou se tornando o Grande Maligno por excelência e, caso Lúcifer existisse, afirmaríamos que Deus é este e vice-versa. Precisamos urgentemente duma Nações Unidas sem mais genocícios na medida em que somos todos, e sem exceção, irmãos. Falo duma fraternidade universal legítima e não dos 193 países-membros da ONU, constantemente pisada desreipeitosamente, doa em quem doer! Entretanto, se ser adversário é ter uma opinião diversa da minha, então viemos errando, histórica e milenarmente, ao conceituá-lo como “inimigo”.

       Quantas guerras, ameaças, e avisos de guerras, temos agora? 20, 30? E sobre as guerras conjugais? Infinitas. Vivemos em frágil “paz armada” estatuída pelos países ricos-elitistas que tudo ganham enquanto morremos. Urge então: liberdade ao outro, liberdade de expressão, liberdade para vivermos em paz! 

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