DEUS É ÚNICO E VERDADEIRO

Tal como o título do excelente livro “Nada de novo no front”, de ERICH MARIA REMARQUE (1898-1970), transformado em belíssimo quão trágico filme em 1930 e 2022, posso apostar que falaremos do já sabido por todos, ou seja, de DEUS, “o maior ser que podemos imaginar”, citação original de Santo ANSELMO, arcebispo de Cantuária (1033-1109) e, portanto, se existente, único e verdadeiro.

Fácil assim? Sim e não. Sim, pois inconscientemente recusamos uma pluralidade de deuses de idêntica categoria – um desperdício -, e não, pois, por outro lado, nossa consciência intelectual racional e moral sente-se abalada e passa a exigir uma explicação a fundamentar aquele “sim”, vivificando a celebérrima “quaestio” entre fé e razão. 

Alguma novidade? Não mesmo, admitamos.

Por quê? Por sermos espiritualistas espíritas teístas, todavia os filósofos – considerados chatos por sempre quererem tudo muito explicadinho – não pensam assim. “Nada simples”, dizem, pois não se rendem facilmente, alegando poder existir pelo menos uma, duas ou todas novidades em contrário. Estabelecem uma crise e passam a pensar numa explicação lógica e causal daquilo que já se encontrava, digamos assim, tão certinho como “cada coisa no seu quadrado”.

Nascido o problema no interior da filosofia, então a ela o direito da prova, contendendo em seu terreno com sua maior arma, a razão, porque se a Lógica – ciência do pensamento puro – é, por definição, o correto ajuste, por correspondente congruência, entre o que existe e o que pensamos, então a locução adjetiva “único e verdadeiro” suscita, de imediato, uma justificativa.

Utilizando-se do método analítico – dividir para compreender – DEUS, que não está em julgamento -, é “único” porque a razão assim o exige, porquanto, se houver mais que um, ou apenas dois – situação que nos conduziria ao dualismo maniqueísta, aniquilador da vontade livre – ou um número indeterminado, teríamos uma multidão incalculável de deuses, obviamente, diferentes, forçando a filosofia explicar suas origens e, obviamente ainda, o entendimento pressupor a exigência de um “único” DEUS original que, por sê-lo, só pode ser entendido como sendo “verdadeiro” e “único”. O Uno e a Verdade se confundem, e nisso concordamos com Santo AGOSTINHO de Hipona (354-430), visto possuir a força de ser tão lógico quanto um postulado matemático.

E considerando que o mundo material se caracteriza pela corrupção, em instável movimento de vir a ser, sempre “sendo”, não correspondendo ao conceito de imutabilidade da verdade, então o Ser DEUS terá que ser imutável e, consequentemente, infinito por existir fora do tempo e do espaço.

Certo achavam-se os Antigo e Novo Testamento quando, respectivamente, assentiam na existência de DEUS: Dt 6:4 “O Senhor nosso DEUS é o único Senhor” e Jo 17:3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só, por único DEUS verdadeiro, e a JESUS-CRISTO a quem enviaste”, ambos destacando a crença na singular unidade do DEUS único e verdadeiro.

Daí DEUS, Ente puro e supremo, perfeitíssimo, não poder ser confundido com entes coisas imperfeitas e compostas de forma e matéria ou espírito e corpo.

Porém, grande surpresa surgiu desse pouco, a descoberta do DEUS-Criador se encontrar fora da universalidade do mundo das formas visíveis e mutáveis, do tempo e espaço, do movimento, da divisibilidade, da finitude, da descontinuidade, da composição, e da lei de causa e efeito. Porém, pleno de Si, visto ser o único e verdadeiro Ser absoluto, seja dito, em-si e por-si. DEUS é o anverso – não confundir com negação – da Criação.

Já havia parado para pensar nisso?

Questão proposta, questão resolvida, saudações filosóficas e até o próximo encontro.

                                       JOEL FERNANDES – 10 Jun 24.

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