“EQM” – I

Abril/2.014 – Joel Fernandes é médium e filósofo

     “Um povo sem cultura é um povo sem alma” na medida em que todos temos uma mesma identidade cultural; e a cultura, por ser uma organização viva, possui a capacidade absorvedora dos novos fatos surgidos no interior do mundo, tornando-os culturais, pois tudo, mas absolutamente tudo quanto o homem faz, torna-se cultural. Como exemplos citamos a eletricidade, o navio a vapor, o trem, o avião, o submarino, o satélite artificial, a geladeira, a televisão, o fogão a gás, a “internet”, o “notebook”, etc. Assimilamo-los e os cultuamos em nossas vidas. Pois bem, um dos eventos mais marcantes da sociedade mundial diz respeito às “EQM”, ou às “experiências de quase morte”; quer dizer das experiências de mortes iminentes que, todavia, não se concretizaram porquanto os pacientes retornaram às suas vidas.

     O termo surgiu em 1.896, pelo psicólogo e epistemólogo francês, Victor Egger, em sua obra “O eu dos agonizantes”, na qual assinala que, nos momentos pré fatais, toda nossa memória se desenrola num tempo muito curto.

     A “EQM”, ou tal ordem de ideias, nunca deixou de ser popular em nossa civilização, mas sem que se tornasse cultural, até que em 1.975 o doutor em Filosofia e médico psiquiatra, o norte-americano Raymond Moody Jr (1.944/ – ), resolveu, como bem disse em sua notável obra, Vida Além da Vida“… chamar a atenção para um fenômeno que é ao mesmo tempo muito amplo, muito bem escondido e, simultaneamente, ajudar a criar uma atitude pública mais receptiva.”. Tratava-se do tema “EQM” que, por sua importância e significado relevante, muito deveria interessar à Psiquiatria, Psicologia, Teologia, e o sacerdócio, além de nós mesmos, em geral.

     Moody foi um pioneiro sobre o assunto, juntamente com a Drª Elisabeth Kubler-Ross (1.926/2.004), médica psiquiátrica que, no final de sua carreira, dedicou-se à pesquisa da verificação da suposta “vida após a morte” a partir de milhares de entrevistas com pessoas que relataram experiências duma suposta morte. Mas, é claro, esse novo interesse da especialista foi recebido com ceticismo pela maioria dos cientistas e médicos.

     Paralelamente ao que afirmam os espíritos no livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, lançado em 1.868, em Paris, a morte não dói e, na verdade, poucos são os espíritos que a percebem, doendo apenas a dor da “causa mortis”, ou da sua causa, não o desvencilhamento da alma de seu corpo físico.

     Moody constatou, em suas mais de 150 entrevistas, que algo com identidade própria, ou uma personalidade material, evolava-se da indumentária física e se posicionava num espaço donde tudo observava e ouvia sem que pudesse, por sua vez, falar nem ser ouvido pelos encarnados, contudo esse “algo” nem por isso se desesperava porque sentia um grande bem-estar em estar vivenciando sua nova situação.

     Os pontos em comuns de suas histórias são impressionantes: as recordações de suas existências desde a mais tenra infância, carregadas de suas respectivas emoções; a impossibilidade da aniquilação da consciência – o que derruba de vez a teoria materialista de que a vida se extingue com a morte cerebral –; o reencontro com os familiares queridos já desencarnados; o encontro com o que denominaram “o ser de luz”; os diálogos telepáticos travados naquele novo plano consciencial; e, finalmente, a orientação para que regressassem aos seus corpos porque “suas tarefas terrenas ainda não estavam completas”, notícia que costumava desagradar a muitos por estarem desfrutando de grande paz e serenidade.

     Evidentemente desapareceram, mais uma vez ainda, os nefandos e tenebrosos Céu e Inferno bíblicos – na verdade desconheço qual o pior de ambos – e em seus lugares evidenciou-se a vida contínua.

     De acordo com o cardiologista holandês, Pim van Lommel e sua equipe médica, 62 dos 344 pacientes em estado de parada cardíaca, reanimados com sucesso, lembraram-se com detalhes das condições que passaram enquanto estavam clinicamente mortos, demonstrando assim que a consciência existe independentemente do cérebro, seu veículo de expressão, mas não o seu produtor. Ora, considerando que as pessoas não mentiram, então perguntamos: é possível uma ciência do espírito? Sim, o Espiritismo, pois o Espiritismo já se encontra no mundo.

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