OUTUBRO/2.014 – Joel Fernandes é médium e filósofo
A expressão “reação às mudanças” foi extraída da nossa realidade prática para se tornar um dos princípios ensinados na disciplina Administração de Empresas e é tão verdadeira quanto eu e você.
De fato abominamos as “mudanças” porque nos retiram do patamar bem conhecido da segurança – ou da falsa segurança –, onde nos encontramos, para nos projetar noutro, desconhecido, o da insegurança, onde ainda não estamos. Em suma, ficamos sem chão, no meio do nada para termos, como resultado: a incerteza completa.
Em quaisquer áreas do conhecimento teórico ou funcional as “mudanças” provocam reações adversas caracterizadas por forças surpreendentes, todavia é fatal: tudo muda, independentemente do que pensemos ou queiramos. “Mudanças” são, afinal, remédios amargos e, como exemplo, citamos a nossa mudança para a TV de tela plana, tão desejada, porém de sabor amargo aos lojistas pelos encalhes dos aparelhos antigos.
Sim, “tudo muda”, em todo tempo e lugar, com velocidade e intensidade diferentes, a começar pelas estações da natureza e, nesse sentido, poderíamos anotar com Dn 2:21: “É Deus quem muda o tempo e as estações”. E concluindo: “mudanças” são fenômenos naturais, mas, seja dito, mesmo assim ainda temos dificuldades enormes em assimilá-las. E não deixa de ser curioso constatarmos que a ação de não querer mudar coisa alguma nos revela um opositor hostil do tipo “não vi e não gostei”, algo cômico se não fosse ridículo.
Quando o Espiritismo chegou ao mundo, em 18 de abril de 1.857, trazido por Allan Kardec, em Paris/França, com o lançamento d’“O Livro dos Espíritos”, as religiões tradicionais leram-no e, de início, tremeram para, logo a seguir, increparem-no. No geral intencionaram decidir sobre o assunto “Espiritismo” como se já o conhecessem desde muito tempo e à fundo, o que não deixa de ser algo digno de espanto porque, inobstante seus atilamentos, demonstraram carecer de bom senso, pois qual é o primeiro indício requerido para alguém ser identificado como não tendo “bom senso”? A crença na infalibilidade de seu juízo. Ora, se fizermos uma analogia dos juízos delas com o emitido pelo fariseu e doutor da Lei, Gamaliel (At 5: 34-39), por ocasião da ida dos apóstolos ao Sinédrio, poderíamos afirmar: “Se o Espiritismo provier dos homens, destruir-se-á por si próprio; porém se provier de Deus, não podereis destruí-lo”. Naquela ocasião o Cristianismo prosseguiu, intimorato, em sua jornada gloriosa, mesmo quando foi submetido aos rasgos políticos do catolicismo. E desde aquela data tem sido assim também com a “terceira revelação” (Jo 14:16, 26, e 16:7), entretanto nem os Espíritos superiores em amor e sabedoria e nem Kardec temeram os fariseus modernos, antes procuraram convencer os homens pela razão advinda da seriedade doutrinária apoiada na ausência de sobrenaturalidade de seus ensinos, o que a tornou de fácil intelegibilidade, pois não são os fatos espirituais que convencem mas sim a razão.
Sempre atacamos o desconhecido inseguro por medo de perdermos o conhecido seguro, advindo daí o “não vi e não gostei!”. Tais reações ocorreram com os Moisaísmo e Cristianismo, chegando agora a vez do Espiritismo! Mas, se por um lado há espíritos – que, conforme as religiões dominantes, encontram-se “dormindo eternamente” após a morte (Jr 51:39 e 57) –, e se por outro lado não há espíritos, conforme afirmam os céticos, agnósticos, e ateus, então onde se encontram os motivos dos ataques ao Espiritismo? Vale a pena se importar com um simples mosquito? Se todos descreem dos Espíritos criados “simples e ignorantes”, da reencarnação, da comunicação mediúnica, da Lei de Ação e Reação, e da Pluralidade dos Mundos Habitados, donde então lhes surgiu tamanha insegurança? Desestabilizamos seus interesses? Saibam: jamais foi a intenção espírita, pois, sendo a “ciência do espírito, o espírito da filosofia, e a filosofia da religião”, apenas cremos nos fatos lógicos-racionais.
As provas espirituais ocorrem espontaneamente, desafiando os aventureiros temerosos de seus estudos e, a estes, recomendamos a leitura da “Introdução ao Estudo do Livro dos Espíritos” para tomarem contato com a história humana religiosa.