O PERISPÍRITO – I

Janeiro/2.014 – Joel Fernandes é médium e filósofo

          Sabemos que há 156 anos a Doutrina Espírita desenvolveu alguns conceitos antigos, referentes ao conhecimento da pneumatologia, a fim de selar lacunas ainda hoje sem respostas racionais-experimentais pelas:

1) Medicina Psicológica: Psiquiatria, Neurologia, Neurofisiologia, Anatomia, Psicologia, Parapsicologia, etc.: a questão da intercomunicação cérebro-mente;

2) Filosofia: o problema da interação corpo-alma, ou matéria-espírito, ou sensação-intelecção; e

3) Religião: a natureza das relações existentes entre o corpo físico e o espírito extrafísico.

          Dentre aqueles conceitos avulta um, pela sua importância, como sendo a resposta-solução comum àquelas três áreas do saber: o“perispírito”, termo formado pelo prefixo grego “peri-”, mais “espírito”,  significando “em torno do espírito”, ou seja, o “perispírito”não é senão o corpo do espírito. Exemplifico aos que se admiraram: os apóstolos Pedro, Tiago, e João, viram e ouviram Moisés e Elias falando com Jesus durante a transfiguração deste (Mt 17:1-4): com quais corpos Moisés e Elias se apresentaram? Com os seus respectivos “perispíritos” reveladores de suas identidades! Transpira então, daquele fenômeno testamentário, que o espírito jamais foi “um sopro; um vento; um ar; um hálito; uma centelha; etc.”, conforme dizem a Bíblia (Gn 2:7) e as religiões tradicionais suas seguidoras.

          Vê-se portanto que o “perispírito” exerce a importantíssima função de ser o elemento mediador do espírito com seu corpo, sendo o“duplo espiritual” deste por serem inteiramente idênticos, todavia é material porque os dois profetas foram vistos e ouvidos pelos três discípulos. Isso implica ainda na afirmação do homem não ser binário, como se ensina,  mas trinário, composto por corpo, espírito, e “perispírito” e, isso posto não podemos mais continuar nos comportando como o avestruz da história que enfiou a cabeça no chão ao primeiro sinal de perigo. Eis porque o “perispírito” soluciona aqueles problemas científicos, filosóficos, e religiosos, irresolvidos ainda por não o admitirem. Desaparecido o corpo físico o espírito ressurge no mundo espiritual com sua vestimenta perispiritual completamente idêntica ao corpo deixado sob a terra, continuando assim a ser reconhecido e a manter sua identidade.

          Sem nos determos na “Introdução ao Estudo d’‘O Livro dos Espíritos’”, o qual o anuncia no Capítulo VI como sendo “o laço que prende o corpo ao espírito, uma espécie de envoltório semi-material”, o “perispírito” reaparecerá nas perguntas 93 a 95 d’“O Livro dos Espíritos”. Dele existem referências nas religiões, pois, como o Espiritismo não introduz nada de novo ao conhecimento humano, iremos encontrar esse duplo de nós mesmos, historicamente falando, desde a mais remota Antiguidade: no Egito (5.000 anos a.C.) já se acreditava na existência dum corpo, “kha”, para o espírito; na China é o “khi”; na Índia, no “Rig-Veda”, livro sagrado dos vedas, encontramos referências ao “linga-sharira”, ou “mano-maya-kosha”; na Pérsia, no “Zend-Avesta”, ei-lo como “boadhas”; na Cabala judaica é o “rouach”; no budismo chamam-no “kama-rupa”; Confúcio nominou-o “corpo aeriforme”; os filósofos gregos adotaram uma variada nomenclatura para defini-lo como “veículo leve”, “corpo luminoso”“carro sutil da alma”, “eidolon”, ou “okhema”; Paracelso dizia-o “corpo astral”, “evestrum”, ou “corpo sidérico”; para Aristóteles é a “enteléquia”; para Leibnitz é o «corpo fluídico»; Baraduc falava em “somod”; Cudworth dizia “metassoma”; e Paulo de Tarso refere-o como “corpo espiritual indestrutível” (1 Co 15:44).

          Modernamente, como consequência das deduções evidentes a favor da sua existência por parte de inúmeros cientistas, conhecemo-lo como “corpo bioplasmático”, “protoforma humana”, ou “psicossoma”, e o investigador Hernâni G. Andrade cognominou-o “modelo organizador biológico”.

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